Querido diário,

Hoje, não lhe escreverei. Acontece que houve um imprevisto, um desvio de destino. Meu coração foi caminhar, e não encontrou o caminho previsto. Viu milhares de possibilidades de, talvez, encontrar um lar. Mas não seria o meu lar. Então, preferi ficar perdido, entre vários caminhos, e não ir à lugar algum. Eu simplesmente fiquei, desolado, procurando o caminho dela. Entre tantos perfumes, não achei meu favorito. Entre tantos sorrisos, nenhum que me tirasse do sério, como o dela fazia. E é só o que me resta. Eu, deitado nessa cama, durmo. Meu corpo vai descansar e amanhã estará pronto para enfrentar a árdua rotina que a sociedade e a falta do "algo mais" nos proporciona. Mas meu coração, esse continua lá, em repouso, sem saber por qual caminho seguir. Meu corpo sorrirá amanhã. Sim, sorrirá por pura convenção. Mas sem brilho. Esse, por sua vez, está pronto para voltar à minha boca. É só ela querer. Mas você, meu querido diário, você que acompanha isso de perto, responda-me: Será que, algum dia, ela vai querer ver o brilho de meu sorriso outra vez? Será que é só passageiro, ou será que meu coração não vai poder voltar pra casa? Ele não está pronto para mudar de vizinhança, mas a rua que leva ao seu lar está interditada.
E é por isso, querido diário, é por isso que não lhe escreverei hoje. Pois as palavras sairiam pensadas demais, sem emoção alguma. Quando meu coração encontrar o caminho de volta, prometo que os primeiros sentimentos que saírem dele estarão registrados aqui. Só não posso lhe garantir que meu coração conseguirá passar por essa dura missão. Eu torço.

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“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.”