Só mais uma prece

Era uma tarde de Abril de 1945 quando Romeu decidiu rezar. Sempre fora um homem religioso, mas dessa vez eram outros motivos que o deixavam de joelhos. Não rezava por dinheiro ou sucesso. A essa altura do campeonato, tinha muito mais com o que se preocupar. O tempo lhe era curto, então teria que ser o mais breve possível. Começou:
-"Senhor, tenho a completa consciência de que não sou eu quem deve decidir quem vive e quem morre, mas não tenho muitas escolhas. Aqui, é matar ou morrer, e ninguém quer optar pela segunda opção, mesmo que a primeira seja torturante. Não lhe peço para poupar-me. Se tiver que ser minha vez de partir, assim será. Apenas lhe imploro que poupe meus filhos da tristeza que é batalhar por algo que você sabe que não vai compensar. Lhe imploro que faça com que as pessoas possam ver que isso não passa de um suicído global. Porque, no fim, ninguém sai ganhando, ninguém sai glorioso e muito menos sem danos. Sabendo que o senhor vai ouvir minha prece, me retiro esperançoso. Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo, Amém."
Foi à guerra.

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“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.”