Dos sonhos.

Debaixo da sombria luz vermelha ele se encontrava, absorto em seus pensamentos. Caneta preta presa à sua mão direita, enquanto seu braço esquerdo se estendia ao longo da velha escrivaninha. Alí, na mesmíssima escuridão, milhares de personagens e enredos tinham sido criados e aperfeiçoados. Mas não hoje. Seus olhos claros corriam pelo quarto (ou até mesmo pela pequenina janela que se encontrava na parede logo à frente) em busca de inspiração; Não vinha. Levantava-se, andava pra lá e pra cá, ligava e desligava a televisão, o rádio, mas nada. Nenhuma idéia passava por aquela cabeça cujos cabelos, sempre tão negros, se encontravam completamente despenteados.
As palavras certas pareciam fugir do jovem como o diabo foge da cruz. Lá no alto brilhava a lua que lhe rendera tantos romances apaixonados. Nem mesmo ela era capaz de fazer aquela horribilíssima e inaceitável noite brilhar. Inquieto, debatia-se contra a parede, incapaz de entender como nenhuma palavra era capaz de se formar ao longo daquelas linhas. Nem gritos e escândalos eram suficientes para atrair-lhe alguma mísera idéia. Mentalmente desgastado e emocionalmente abalado, deitou-se. Envolto em lágrimas, sentia suas entranhas contorcerem-se. Significava o fim do mundo para ele. Talvez o maior pecado, algo imperdoável, digno de milênios sem paz.
Ainda transtornado, afundou inconsciente em um mundo cheio de inspiração. Era capaz de ver luz em todos os lugares. Mergulhado em seus sonhos, dormia aliviado, consciente de que o amanhecer lhe renderia boas páginas de eletrizantes estórias. E fez-se de novo o mundo que tanto temeu perder: Imaginação.

8 comentários:

Larissa Messias. 6 de janeiro de 2011 às 12:12  

Palavras normais se transformam em histórias vivas na tua mão. Você sabe que é brilhante!

Thunay 6 de janeiro de 2011 às 12:42  

Como vai, rapaz?
Me animo em ver escritos nos blogs, me faz pulsar um pouco mais vivo.
Anos mais cedo - como se eu fosse velho, haha - eu pulsava mais facilmente na escrita, hoje nem tanto. São textos como estes e blogs como este que me animam a continuar...

Sobre seu texto, nada como a metalinguagem =)
A escrita falando de seu processo de criação, eu gosto disso, apesar de achar que nunca escrevi algo do tipo. Drummond tem um que eu acho fantástico, se puder, leia, chama-se "Poesia". Acho que falei demais, né? abraços :)

Fernanda 6 de janeiro de 2011 às 16:28  

Olá!
Adorei seu blog!
Seus textos são incríveis!
Continue escrevendo!
Boa noite!

Douglas Lages 6 de janeiro de 2011 às 20:13  

Cara, meus parabéns, seu blog é muito construtivo.
Seu texto, ficou incrível.

Alessandra Sousa 9 de janeiro de 2011 às 09:10  
Este comentário foi removido pelo autor.
Selva P. 10 de janeiro de 2011 às 06:23  

Lindo texto, Gustavo :}
Ou melhor, lindo blog rs
Estou seguindo, segue o meu?
(http://umamor-demenina.blogspot.com/)

Amores Cruzados 18 de janeiro de 2011 às 06:23  

aaahhh, eh dificil ver meninos escrevendo assim, so achei um ate encontrar vc*-*
to te seguindo ta!
http://aquelejeitoc.blogspot.com/

Selva P. 20 de fevereiro de 2011 às 16:19  

Noooossa, que texto heim?!
Muito lindo, forte e delicioso de ler.
Parabéns!
Adoro o teu cantinho ;*

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“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.”