Queria eu ser incolor,
Descaracterizado de cor
Ou qualquer fator externo.
Queria eu ser indolor,
Não ser vítima nem produtor
De nenhum ardor interno.
Queria eu ser meio amor,
Meio cura e meio dor
Em um único laço terno.
Queria eu ser meio flor,
Meio lindo e esplendor,
Meio espinho e inverno.
Queria eu ser meio
Nada,
Diferente de
Tudo
Que já se conhece.
Meio nada.
Imprevisto.
Você vem,
Entra sem bater
Na minha porta
De vidro,
Faz o maior
Estardalhaço
Sem o menor
Ruído,
E ainda chega
Mudando de lugar
Todos os móveis da
Minha casa,
Minha vida,
Minha calma.
Minha sina
É ter que te olhar
Tão perto
E tão longe
E tão perto
E tão longe
E tão perto
E tão longe...