Insônia (3)

Pelo lado de fora da janela ele observava, assustado, o casal se amando. Nunca achou que eles fossem capazes de tal frieza. Ofegantes, os dois se enchiam de prazer sem sequer desconfiar que não estavam completamente sozinhos. Ah, se ela tivesse ao menos olhado para a janela! Benjamin continuava a observar a cena. Perplexo, não sabia o que pensar ou o que fazer. Não sabia se intervia ou se esperava para ver até que ponto aquilo chegava. Não aguentou muito. Ao ver os dois completamente nus, deu meia volta e voltou para casa. As lágrimas escorriam por sua pele áspera, mas não estava triste. Não, aquele era outro tipo de sentimento. Era raiva, angústia. Quem o visse agora diria que se tratava de um fraco. Benjamin, porém, era exatamente o oposto. Não chorava desde a morte de seu pai, quando tinha apenas 9 anos de idade, e raramente perdia o equilíbrio. Nunca ficara assim, tão desiludido. Sabia que o casamento não estava indo tão bem, mas nem sequer imaginava que Clara fosse capaz de tal barbaridade. Pensou em ligar para sua mãe, pensou em ligar para sua esposa, mas nada fez. Esperou. Olhou para o relógio e os ponteiros marcavam 22:54. Apesar de tudo, estava caindo de sono. Prometeu à si mesmo que não deixaria isso assim. Vingança.

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“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.”