Abaixo de zero graus

Estava frio! Mas não era um frio comum, era um frio que gelava a alma, deixando claro que não mais haveria felicidade. No pequeno vilarejo, o vento soprava forte, de leste à oeste, arrastando para longe do lugar a alegria que outrora fora marca dos habitantes locais. Ontem, a paz, hoje, a dor. Nos olhos de cada um se via um trauma, um medo que já não dava mais lugar à esperança. Famintos, sedentos e descontentes. Nenhuma tempestade poderia causar tal espanto.

Ruas alagadas pelas lágrimas de cada um, e cada milímetro guardava um segredo. Boiavam, em meio aos sonhos já mortos, lembranças distantes de um tempo bom, um tempo em que o sol ainda brilhava. E veio a chuva, o céu nublado que parecia não ser mais capaz de abrir. Viam-se olhos secos, profundos, nostálgicos. Desejos de partida, disfarçados por sorrisos desdentados. Nada mais a se fazer, uma cena que amargurava o coração.

E, por mais que já fizesse calor, estavam todos frios. Mortos por dentro e, cada vez mais, por fora.

3 comentários:

Anônimo 21 de agosto de 2010 às 06:59  

ah, belo blog :)
goostei do texto tambem *--*
abraço

Tomaz C Frausino 21 de agosto de 2010 às 18:55  

Interessante a reviravolta proposta. Vai fazendo comparações metaforizadas - do clima para com o ser humano - e leva, na maior parte do conto, a crer que se fala do clima, quando, na verdade, se fala do ser humano.
Muito bom, parabéns!
To seguindo. Se quiser, me segue também
http://literaturandoomundo.blogspot.com/

Anônimo 26 de agosto de 2010 às 11:41  

você escreve bem! gostei daqui. :)

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“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.”