Estava frio! Mas não era um frio comum, era um frio que gelava a alma, deixando claro que não mais haveria felicidade. No pequeno vilarejo, o vento soprava forte, de leste à oeste, arrastando para longe do lugar a alegria que outrora fora marca dos habitantes locais. Ontem, a paz, hoje, a dor. Nos olhos de cada um se via um trauma, um medo que já não dava mais lugar à esperança. Famintos, sedentos e descontentes. Nenhuma tempestade poderia causar tal espanto.
Ruas alagadas pelas lágrimas de cada um, e cada milímetro guardava um segredo. Boiavam, em meio aos sonhos já mortos, lembranças distantes de um tempo bom, um tempo em que o sol ainda brilhava. E veio a chuva, o céu nublado que parecia não ser mais capaz de abrir. Viam-se olhos secos, profundos, nostálgicos. Desejos de partida, disfarçados por sorrisos desdentados. Nada mais a se fazer, uma cena que amargurava o coração.
E, por mais que já fizesse calor, estavam todos frios. Mortos por dentro e, cada vez mais, por fora.
Abaixo de zero graus
Postado por
Gustavo .
18 agosto, 2010
3 comentários:
ah, belo blog :)
goostei do texto tambem *--*
abraço
Interessante a reviravolta proposta. Vai fazendo comparações metaforizadas - do clima para com o ser humano - e leva, na maior parte do conto, a crer que se fala do clima, quando, na verdade, se fala do ser humano.
Muito bom, parabéns!
To seguindo. Se quiser, me segue também
http://literaturandoomundo.blogspot.com/
você escreve bem! gostei daqui. :)
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